Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

terça-feira, outubro 12, 2010


Caminho das Nuvens

Eu não era a Lady Gaga vestida de carne, mas todos olhavam para mim. Parecia que ninguém algum dia tinha passado por uma desilusão. Por um término trágico de namoro ou por qualquer outra coisa. Ou talvez eu tinha esquecido de tirar meus pijamas e ninguém sabia do que havia acontecido... é, eu não estava de pijamas. Então todo mundo já sabia. Idiotas. Alguns me olhavam com vontade de rir, outros sem compreender minha apatia. Todos pareciam pensar: "Coitada. Terminou o namoro com o cara mais gato da cidade e agora está aí, feito cachorro sem dono".
Apenas entrei na sala e debrucei em uma mesa qualquer. Só não queria olhar para a cara de ninguém. Estava de ressaca, era isso. Algum sinal tinha tocado, só não sabia se era do intervalo ou do fim da aula. Eu simplesmente não fazia esforço algum de me erguer dali. Eu não tinha energia pra isso. Senti duas mãos fazendo o que meu corpo não fazia. Não precisava abrir meus olhos, eu reconheceria aquele cheiro de shampoo em qualquer lugar do mundo. O cheiro inconfundível me levava para fora do colégio.
Ele me carregou no colo por três quarteirões. Desde quando ele era tão forte assim? Ele pegou a chave no meu bolso, abriu a porta e levou-me até meu quarto, colocando-me ternamente na cama com minha cabeça sobre seu colo. Eu já disse que eu amava dormir no colo dele? Era reconfortante e protetor. Se passou horas ou minutos eu não sei, mas quando abri meus olhos, ele ainda estava ali, olhando atentamente para meu rosto pálido.
Levantei e debrucei sobre os braços do meu melhor amigo e deixei que minhas lágrimas banhassem sua blusa de algodão branca. Quando eu o abraçava, eu abraçava o mundo. Ele era o único que me entendia e ria da minha cara ao dizer 'Pudim'. 
_ Não sei se quer desabafar, mas eu escutarei o que tiver pra dizer.
Então fui dizendo aos poucos, até onde meu coração poderia suportar. Poucos detalhes e o mínimo de lembranças (como se fosse possível: todas elas repetiam na minha cabeça num frenesi sufocante). Eu o abraçava toda vez que eu sentia a necessidade de fazê-lo. Como se aquele abraço apertado impedisse que o passado me encontrasse e me fizesse chorar.
Meu melhor amigo não era o cara mais bonito do mundo, mas sabia que muitas garotas eram apaixonadas nele. Ele era quase perfeito, mas parecia errado eu me apaixonar por ele. Eu o conhecia há tanto tempo, era praticamente da família.
_ Enquanto estive viajando, me lembrava de você todas as noites. Olhava as estrelas e lembrava de você com seu telescópio pesquisando cada uma. E quando o céu estava sem estrelas, ficava imaginando seu rosto triste sem sua diversão. Imaginava o que você estaria fazendo. Eu senti muito sua falta, sabia mocinha? _ ele fazia cosquinhas até eu perder o ar. Peguei meu travesseiro e taquei com toda força contra ele. Quando vi, ele estava no chão e desesperei por ter machucado. Eu senti um nó na minha garganta e fiquei mais desesperada.
_ Victor! Victor! Oh, desculpe! Eu não queria... _ sem eu menos perceber, ele já havia tacado o travesseiro de volta e nós dois estávamos no chão.
_ Então você achou mesmo que eu tinha machucado com um monte de penas? Hein, hein? _ e ele começou a  fazer mais cosquinhas e eu implorava para que ele parasse. Como se adiantasse.
Então continuamos nossa guerra de um único travesseiro até que ele deixasse ser travesseiro e se transformasse em penas espalhadas pelo meu quarto e meu cabelo. Ia ser difícil tirar tudo aquilo da cabeça.
_Meu Deus Felícia Delícia -eu sempre ria quando ele inventava apelidos pra mim- você tá parecendo uma galinha. Só falta o pó pó pó._ ele ria e eu mostrava a língua.
_Vem logo Victor. Você tem que me ajudar a tirar essas penas da minha cabeça!
_Não, espera! Primeiro eu preciso tirar uma foto de você assim! _ e ele ia se levantando. Oh, então ele falava sério da foto?
_Victor, Victor! Você não vai tirar foto nenhuma de mim assim! _então eu o puxei pelo braço e o fiz voltar para o chão.
Seu rosto estava a centímetros do meu, nossas respirações se misturavam e o seu shampoo parecia mais forte. Eu senti alguma agitação no estômago? Finalmente acordaram, borboletas.
_ Eeerm, me ajude.._eu disse, um pouco constrangida virando o rosto. O que tinha sido aquilo?
_Olhe para mim. _ele disse. Eu sentia que seria um erro. Como se fosse contra os meus princípios._Olhe para mim._ele apertou delicadamente meu rosto entre suas mãos. Nunca tinha reparado que aquelas mãos conseguiam me esquentar tão rápido.
Eu ergui meus olhos e encontrei seus olhos azul céu me guiando para o caminho das nuvens. Seus dedos caminhavam pelo meu rosto, contornando meus olhos e meus lábios. Ele espalhava beijos pelo meu pescoço e pela minha orelha. Ele foi aproximando sua boca da minha hesitante, e senti a sua respiração ofegar quando nossos lábios se roçaram levemente. Sua língua invadiu minha boca e me deixei levar por aquela estranha sensação de beijar meu melhor amigo. Parecia que nada havia me feito chorar semana passada e eu me sentia nova. Todos os pedaços do meu coração colados novamente.
Ele parou por alguns instantes e quem estava ofegante era eu. _Você sempre me amou?
_Durante dezessete anos e você nunca percebeu. _ ele sorriu. Nunca tinha percebido que meu melhor amigo tinha um sorriso tão perfeito. Senti-me um pouco angustiada por ele nunca ter me dito antes. Se aquele beijo tivesse acontecido há uns quatro anos, eu nunca teria me apaixonado pelos caras mais gatos da cidades e feito... você sabe muito bem o que. Mas eu sabia que Victor era diferente.
Seus olhos fixos nos meus não só mostravam o caminho das nuvens, mas como também mostravam o caminho do (meu) paraíso. Eu estava fazendo a coisa certa, não estava?
Então ele colocou minha mão sobre seu peito e disse:
_ Você consegue sentir isso também? _ seu coração acelerava cada vez mais.
Eu conseguia? Bem, eu conseguia.
Eu sorri, e ele colou meus lábios aos dele novamente.
_Eu te amo. _eu disse entre beijos.
_Eu sempre te amei. _eu me senti completa. Aquilo era um sonho?
Aquele foi o início dos melhores dias da minha vida.
6 comentários

6 comentários:

Any disse...

Aim que perfeitooooooo! *-*
Naõ consegui tirar os olhos...

@analuisacv disse...

OMG ;* acho que é o seu melhor texto : ) é simplesmente indescritível : }

Mariana Solis disse...

obrigada pelo carinho meninas! *-*

Bianca Fernandes disse...

*o*, que história linda ... to aqui sem palavras

Ana Kélvia disse...

Caaraca muito LINDO seu texto,aliás seus textos são perfeitos!
Nao dá pra explicar a sensação de ler um texto assim,é muito bom *-*
[Desculpa a ausência da sua fã aqui no blog ;x]Mesmo assim sempre que posso estou aqui!

Mariana Solis disse...

Fico tão feliz em ler os comentários de todas vocês! Obrigada meninas, obrigada mesmo ♥
Que isso Ana, não é obrigação sua de comentar todos os dias, eu fico muuuuuito grata do seu carinho e apoio e amo ler os comentários de todas vocês. <3

Postar um comentário

Os comentários são moderados, mas sua opinião é sempre bem-vinda! Comentários desrespeitosos ou caluniosos serão banidos.
Fique livre para enviar uma sugestão, dúvida ou crítica: entre em contato comigo.
Certifique-se, antes, se a sua dúvida já está respondida no F.A.Q. Obrigada!

:a   :b   :c   :d   :e   :f   :g   :h   :i   :j   :k   :l   :m   :n   :o   :p   :q   :r   :s   :t

Poderá gostar também de:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...