Com o tempo, querendo ou não, o coração sempre pede mais. Implora por mais e imediato por aquilo que nunca foi meu. Exige novas lembranças e novos momentos porque aquelas já passaram pela minha cabeça várias vezes e já não é a mesma coisa. Já contei a minha história, abri meu baú de lembranças num momento em que eu precisava dizer tudo o que eu já sabia há anos, já chorei na frente das pessoas pelo motivo amor. É estranho, muito estranho porque a minha história já é um tanto bizarra. O modo em que tudo acontece e passa, o tempo, a distância, a saudade, o amor, o ódio. De fato não espero que o tempo passe mais devagar, que a distância e a saudade diminua, mas eu ainda tenho esperanças que algumas coisas mudem. Algumas coisas são irreversíveis e depois de feitas, só me resta seguir em frente. Só que seguir em frente requer deixar para trás as atitudes das quais me arrependo. E para deixar as lembranças para trás, eu preciso me deixar. E as lembranças que me prendem, são justamente as que não saem da minha cabeça. Mesmo sem querer, quem eu amo me prende a ele, sem nada fazer. Apenas um sorriso ou uma noite em claro é suficiente para não deixar que eu siga em frente. Porque aquele sorriso e aquela noite eu fui feliz e me lembrar dela é um motivo para que eu siga, mas eu não consigo.
Um dia parei para pensar em tudo que já aconteceu comigo e o tanto que isso é particular. Veja só! Há bilhões de pessoas vivendo com alegrias e tristezas e bilhões de pessoas não tem a menor ideia do que passo ou vivo. Nessas horas vejo o quanto tudo é insignificante e o tanto que nos focamos em momentos que são só nossos e só nós conseguimos sentir e dar valor a eles. Sei que para muitas pessoas que eu contei o que passei acha tudo uma idiotice, um amor platônico, uma mentira. Mas eu em parte até entendo porque é difícil engolir que alguém passa tanto tempo esperando por quase nada, que consegue ver o que acontece há quilômetros de distância. É difícil imaginar o que não se vive ou se colocar no meu lugar. Mas enquanto estou aqui relatando minha vida numa caixa de texto, há bilhões de pessoas morrendo, nascendo, matando, amando, escrevendo, se comovendo com um filme. E cada uma delas tem uma história particular que eu nunca saberei, que por mais que insignificante que seja para mim, aquela é a história de vida de cada uma delas. E essa é a minha. A garota que se apaixonou por um idiota e vive escrevendo coisas que ele nunca lerá. Parece insignificante? No fundo é, mas viver é justamente isso: dar valor a momentos insignificantes e amar pessoas insignificantes e ainda assim achar que isso te impede de seguir em frente e ser feliz. Tem bilhões de pessoas sendo felizes passando por cima de pessoas e momentos que pareciam ser tudo, por que não tentar ser feliz também? Pensando bem, seguir em frente não vai ser tão difícil assim.
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