Último Segundo

Lembra do ano passado? Lembra das nossas conversas? Pois bem, eu não lembro.. Elas eram completamente inexistentes, raras e idiotas, admite. A gente ficava tirando sarro da Lolô e um dia você mandou entrar num site e eu te perguntei se era de filme pornô. Te perguntei cinquenta vezes se era e nas cinquenta você disse que não era. Minha capacidade de acreditar nos os outros é enorme e eu cliquei. É, apareceu aquela telinha de "conteúdo inapropriado" e meu irmão começou a rir. E depois disso, não lembro de mais nenhuma conversa.

Mas esse ano, as coisas aconteceram de um modo mais maduro e sem sites inapropriados. Oh, que bonitinho! Veio me pedir um conselho. E você ria da minha cara quando eu dizia de linguagem corporal. Você começou a confiar em mim e eu em você. Nos aproximamos. Te contei um dos meus segredos mais confidenciais. Você foi o primeiro garoto a saber disso, já que eu achava um tanto estranho a minha história. Essa coisa da ligação entre eu e ele, das minhas "visões", da distância e do passado.

Mas parece que ninguém entende o que é amizade, não é mesmo? Aí começaram a falar que estávamos namorando. E você levou a sério mesmo sabendo do que sinto por ele há seis anos! Você se afastou: você não queria afetar sua imagem. Não estou te acusando, mas eu fiquei com um pouco de raiva. Fez-me julgar tudo o que tinha passado neste ano e no anterior e num certo ponto achei que você ainda era aquele mesmo garoto dos links idiotas. Mas sabia que estava errada porque você tinha mudado sim. Eu não me importava com você antes, agora você é o meu melhor amigo que tenho tanto ciúmes.

Você veio com o papo de mudar de sala porque estava sobrando na nossa e só tinha eu e J. de amigas e nenhum amigo para conversar (mais) sobre bobagens. Até que um dia, após um fim de semana prolongado, você não tinha ido à escola. Ok, achei que você estava pescando porque você gosta. Mas não, você estava na outra sala a vinte metros de mim e nem ao menos tinha me dito oi ou dito que iria mudar de sala. Foi de repente. Sem aviso prévio. Uma distância tão pequena como essa parecia quilômetros. Senti-me mal, já que a minha função de melhor amiga tinha falhado e que eu não merecia tanto sua atenção.

Então, pela primeira vez eu chorei por sua causa.

Desculpe todo meu sentimentalismo exagerado, mas não consegui me conter. Mas é porque eu quero tanto o seu bem, acho que você merece o melhor. Mesmo que eu não faça parte dos seus planos, seja pra jogar video-game ou de conselheira, eu gostaria muito de quem jogasse com você ou quem te aconselhasse, fizesse o melhor pra você. Como eu fiz por você, ou pelo menos tentei. É meio estranho dizer isso, mas já fiz isso uma vez (ok, me arrependi), mas espero que você entenda: Eu te amo. Quero te ver sorrir, quero te ver conquistar cada vitória e ser muito feliz ao lado das pessoas certas.

Se você não se lembra, eu já disse que tenho ciúmes de você. Mas só às vezes, quando me sinto insegura. Não, não é medo de te perder pra alguma garota, porque no seu coração, já tenho um título um tanto considerável. Às vezes sinto que as pessoas que estão ao seu redor nem sempre tem algo bom a acrescentar ou nem sempre vão conseguir te fazer feliz - essa tal felicidade que quero pra você. 

Meu ciúmes pode parecer bobo, mas tenho medo de que, por algum momento você confie em alguém que não se importe com você. Que alguém te faça sofrer e que e em alguma hora você caia e eu vá junto, porque até o último segundo eu vou tentar te segurar. E quem vai te levantar?

E aí você vai entender que eu te amei.

E que fiz de tudo para te ver sorrir. 

Ao meu melhor amigo, que talvez nunca lerá isso.