Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

quarta-feira, fevereiro 02, 2011


Amor de Praia

Sabe aquela música que diz que amor de praia não sobe serra? Pois então, por mais que seja difícil admitir, é verdade. Amor de praia. Eu nunca imaginava que um dia poderia escrever sobre um. É uma sensação um tanto quanto nova e... única. Não só por estar longe de casa, mas por estar longe de todas as mágoas, medos e angústias. Longe de tudo que um dia me machucou. Deixei as conversas e as lembranças para me entregar ao novo e inesquecível.
Não fiz questão de agradar, de ser demais. Se fosse para ser feliz ali, seria eu mesma, de biquíni e sem maquiagem. E isso me mostrou o quanto ser e apenas ser torna os momentos mais simples os mais marcantes. E que se jogar no desconhecido e novo pode mostrar que aquele amor de anos não deixava aquele frio na barriga como aquela pessoa foi capaz de fazer sentir ali, ao som das ondas e à luz do luar. Senti um sorriso no rosto e uma sensação diferente toda vez que eu o via chegar. Eu e meu estômago estranho.
"O que está acontecendo? Eu estava em paz quando você chegou..."
Aquelas borboletas que eu queria ter deixado para trás estavam ali comigo ─ a cada vez que ele sorria a distância convidando sem palavras, para uma conversa amigável. E se você tivesse duas semanas para fazer valer a pena? O tempo pode estragar tudo ─ mas também faz o contrário. E se você tivesse que tomar iniciativa? Essa é a sua chance. Deixei, então, todos os tabus e barreiras que me impediam de dizer um oi para nunca mais esquecer daquelas semanas.
Para ter algo que eu nunca tive, precisei fazer algo que eu nunca fiz.
Um sorriso, uma brincadeira com verdades escondidas, um abraço que diz tudo. Sabe como é se entregar por completo? Eu me entreguei. Por mais que na cabeça ainda existisse outro nome, naquelas duas semanas só existia um ─ o dele. Não que eu tivesse deixado de amar quem eu sempre amei. Eu não deixei. Só amei mais a mim e permiti me encantar com o por do sol ao lado do que parecia ser a pessoa perfeita.
Só então percebi que uma hora as brincadeiras já mostravam as verdades. E que seu rosto já estava a centímetros do meu. Que já não existiam mais palavras, apenas sorrisos. Ele queria aquilo tanto quanto eu. Ele iria me beijar? Ah não ia não. Ah não. Ah sim. Meus lábios colados aos dele pareceram o encaixe perfeito. Suas mãos combinavam com minha cintura, e seu sorriso combinava com minhas bochechas vermelhas. Era uma sensação estranha como as borboletas, mas ainda assim, era a melhor sensação do mundo. E eu amava isso.
Senti meu coração acelerar a cada vez que seus dedos contornavam meu rosto. A cada vez que ele olhava no fundo dos meus olhos e me deixava conhecer cada segredo jamais revelado. Tão sincero, tão forte, tão intenso. As brincadeiras, a diferença no sotaque, o medo... Tudo. Absolutamente tudo fazia parecer aqueles dias perfeitos. Únicos. Um sorriso, um segredo – eu conseguia confiar num estranho. Num estranho meu.
Que me entendia e segurava meu rosto forte, dizendo que não queria que eu fosse embora nunca.
Fugimos. A praia estava tão próxima. Corremos até ela, rindo, tropeçando, de mãos dadas. Toalha na areia para ver o sol se por. Pedi que aquele sol jamais partisse e ficasse ali para sempre. Como eu e ele, já não precisava de mais nada. Um beijo, um abraço. Tempo? Desconheço. Seus braços permaneciam na minha cintura, assim como a sensação que aquele era meu porto seguro. E o melhor, não era sensação. Eu poderia dizer alguma coisa, mas aquele silêncio vendo o sol esconder atrás do mar não pedia palavras. E quando o silêncio se quebrava, mesmo depois de dias juntos, a voz dele ainda fazia meu estômago embrulhar. Só para tornar aquele momento mais perfeito, sua voz começava a cantar uma das minhas músicas preferidas.
"Porque está amanhecendo? Peço o contrário.
Ver o sol se por."
Nossa voz cantando na mesma sintonia deixava até Nando Reis com inveja. Simplesmente combinava.
Um sorriso escapava, não a tempo de sentir nossas respirações se misturarem. Num beijo lento e calmo, que combinava com o som das ondas e a lua que já refletia nas águas cristalinas. O tempo poderia parar, eu não iria me importar. O cabelo cheio de areia não era problema – era até diversão. Dois churros sorridentes corriam até o mar, jogando areia e tudo que via na frente. Os meus gritinhos implorando para que ele parasse pediam por mais. Eu não queria ir embora, até porque ali percebi que todos os problemas estavam longe demais. Ele me abraçou, a água tocando nossos pés. E a letra da nossa música tocando meu coração.
"Porque está amanhecendo? Se não vou beijar seus lábios
quando você se for..."
Não deveria ter medo do mar, deveria ter medo de amar.
O mar nos convidava, o convite do silêncio exibia em cada olhar. Peguei suas mãos e à luz da lua seu sorriso parecia mais lindo ainda. A guerra de areia virou guerra de água, e atração virou paixão. Corria e tropeçava. Rolávamos na areia. Dois churros apaixonados. Sentávamos próximos ao mar e ia contar as estrelas ao seu lado. E quando eu já estava quase na metade, ele tirava minha atenção com seus lábios. Mas de que importava as estrelas? Já estava tão bem com o brilho dos meus olhos. Ele como ninguém, conseguia me completar. Poderia até dizer que jamais chorei por um idiota, e pior, fiz de mágoas, palavras. Eu poderia escrever só sobre este amor, porque hoje não sofro. Mas... viver de lembranças? Faz sofrer.
Deitei no seu colo, até que já tinha fechado os olhos. O som do mar e da natureza combinava com a respiração tranquila dele. Seus dedos caminhavam pelo meu pescoço, me fazendo arrepiar. Talvez fosse tarde quando acordei com seus lábios nos meus, mas não importa. A lua ainda estava ali iluminando nossos rostos. Era hora de voltar, não antes de dar mais um mergulho no mar. Com um certo fascínio, ele admirava até a minha alma ao olhar no fundo dos meus olhos e me fazia esquecer de tudo. Se não fui feliz ali, cheguei o mais perto possível. Jamais me disseram que praia combinava com amor, mas descobrir isso com ele foi uma das melhores coisas.
Estava tudo tão perfeito. Até nos vermos perdidos.
A voz dele era engraçada ao dizer que já não estávamos mais na mesma praia. Eu sorri e disse que aquilo não era bem um problema. Era só... procurar uma toalha entre a areia. Então ele ria e eu me pegava fazendo o mesmo. Ele segurou minha cintura forte, apertando meu corpo contra o dele. Ele espalhava beijos pelo meu rosto como uma criança que acabou de machucar o joelho. E o inquietante mistério continuava ali, diante meus olhos. Por tanto tempo fiquei ali com ele, achando que iria me acustumar com suas mãos, seu abraço e sua boca. Mas, de fato, as borboletas continuavam no meu estômago provando o contrário. Desde que comecei a escrever, todas as minhas palavras tentaram descrever algo que eu ainda não tenho certeza que aconteceu – foi tão surreal. Nossas mãos entrelaçadas, eu já não escondia mais que ele me fazia bem. Ele se afastou alguns... centímetros para gritar tá com você. Pega-pega de dois não tem graça, tem? Ah, se tem. Então eu corria atrás dele, os pés afundando na areia, ele rindo, eu tropeçando como sempre. Até que ele cedeu e deixou eu pegar ele. Um beijo cheio de areia, um abraço de pega-pega. Então eu ria e mal conseguia mais correr – eu sentei na areia, ele se jogou ainda rindo. Senti suas mãos no meu rosto, seus olhos nos meus. Aqueles foram os minutos que a voz dele mais fez meu estômago embrulhar.
Eu to gostando muito de você, sabia?
Você também deu um sorriso bobo? Eu dei. Ele sorriu quando viu minha cara de imbecil. Eu deveria falar alguma coisa, mas eu contemplava seus olhos azuis como se aquele fosse o céu sem nuvens. O melhor de todos os beijos estava por vir, quando encontraríamos, enfim, a toalha cheia de areia. Por mais que tivéssemos alguns dias pela frente, talvez não voltaríamos para a praia à noite.
De volta para casa, churros.
O tempo passou voando. Minha felicidade era aparente, a ponto de conseguir rir das piadas mais bobas. Até que uma hora caiu a ficha. Eu partiria, ele também. Cidades e vidas diferentes. Ele voltaria para suas garotas, eu pras minhas palavras – essas palavras. Eu não deveria, nem sequer conseguiria ir embora sem ele. Como se uma parte de mim já estivesse marcada com o nome dele. Ele também já tinha percebido isso, mas não queria me ver sofrer. A última tarde, os últimos momentos. Um abraço para nunca mais soltar. Sabe quando você acorda e quer voltar para um sonho? Foi assim comigo. Era inevitável a despedida, e pior, perceber que talvez eu nunca mais o veria. Eu imaginava que aquelas semanas seriam eternas, assim como eu e ele. Mas tudo tem um fim, não tem? Você seria capaz de viver de lembranças? Fitei, ainda com uma sensação inebriante, aquele rosto que amei por duas semanas e percebi que sentiria muita falta dele. Segurei seu rosto do mesmo jeito que ele havia segurado ao dizer que gostava de mim. Aquela era a minha hora de dizer o que sentia.
Eu também gosto muito de você, mais do que possa imaginar. Por favor, não se esqueça de mim, nunca. Eu não vou me esquecer de você.
Ele sorria, mas parecia doer. E como já era de se esperar, eu chorava. Já sentia uma saudade antecipada, e as palavras já voltavam para minha mente. Eu o abracei forte, ciente que aquele era o último abraço. Mesmo ali, tão próximos, eu já me sentia vazia. O último beijo era um ponto final numa história inesquecível. Peguei minhas malas, limpei minhas lágrimas. Ele sorriu, eu sorri. Como se naquele sorriso ele dissesse para eu não ir embora. Eu não queria! Só queria passar os últimos segundos ao lado dele, nada mais. As malas poderiam até estar pesadas, mas o peso maior era no meu coração. Eu soltei minhas mãos das dele e dei mais um abraço.
Respirei fundo. Hora de ir embora.
Dentro do carro, ele já era intocável – ali, a metros de mim! Eu chorava, soluçava e repetia na minha cabeça: não, não, não... Não lembro quanto tempo fiquei chorando, mas não o perdi de vista até sumir no horizonte. Um choro desesperado subia a garganta, um sufoco. Acabou. Eu só queria voltar no tempo e viver aquelas duas semanas de novo, como acabei de viver cada lembrança neste texto. Fones de ouvido no último volume, a nossa música.
Lágrimas, a voz rouca e desafinada.
Foi tão estranho chegar em casa e perceber que há menos de vinte e quatro horas, ele estava ao meu lado. Mas sabe, valeu tanto a pena. Cada recordação, cada sorriso. Cada segundo ao lado dele. É difícil aceitar que amor de praia não sobe serra, mas as lembranças estão aqui comigo. Sabe o que eu fico imaginando? Imagina se eu tivesse me deixado levar pela vergonha e medo, e jamais tivesse aproximado dele, como ninguém quer nada, para dizer um oi? Que história eu poderia escrever, que lembranças eu teria do por do sol mais lindo de todos? De certa forma, eu só conto sobre esse amor de praia porque deixei para trás meus medos e inseguranças, e vivi ao máximo os pequenos momentos ao lado de uma pessoa inesquecível. Existe lembrança mais linda do que um sol escondendo-se atrás do mar, o barulho das ondas e um beijo para nunca mais esquecer?
Pra nunca mais esquecer.
Eu sei que esse texto está gigante, mas eu precisava escrever. Obrigada por ter chegado até aqui, eu precisava que alguém lesse e conhecesse minha história. 
Viu que a gente pode ser feliz de biquíni e sem maquiagem? 
Esse texto foi escrito ao B., de quem sempre me lembrarei desse exímio sentimento.
Essa hisória não termina por aqui. Leia O Reencontro, que aconteceu dois anos depois.
7 comentários

7 comentários:

Amanda Carolina disse...

Nossa, q liindo. Ameei, sem palavras. beeijos.

Lola disse...

Ooooie fofa!

Tem selinho para você no mundinho da Lola *-*

Beijinhos de morango..

Carol Fernandes disse...

Mari, eu tenho um selo para você! E você sempre me surpreende, à cada texto, à cada palavra *u*

beijos querida :*

Mariana Solis disse...

Obrigada meninas, muito mesmo! Os selinhos eu colocarei lá na Blogroll, é gratificante pra mim este carinho <3

Carina disse...

Adorei o texto Mariana! =)
e obrigada pela lição " Imagina se eu tivesse me deixado levar pela vergonha e medo, e jamais tivesse aproximado dele como ninguém quer nada, pra dizer um oi?" (;
beijos :*

Ana Luisa disse...

Prima, eu amei o texto, me lembrei de cada palava que me disse deste amor. me lebrei o quanto você se apegou a isso e posso dizer que soube escrever MUIIITO bem sobre isso. simplismente amei!!

Marcella Couto disse...

Eu AMO esse texto! É o melhor de TODOS! ♥-♥

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