Chegou num ponto, de tanto que eu estava apaixonada no deus grego, que passei a sair mal nas provas só pra ele olhar no meu olho e me explicar um clássico inglês que eu já tinha lido mil vezes. Um dia, depois de terminar com um namoro de anos, justamente por causa dessa minha vontade por um cara mais velho, resolvi dizer na lata, que eu gostava do professor de Literatura. Imprevistos acontecem. Eu estava determinada a falar que ele era lindo, simpático, inteligente e todas as qualidades imagináveis. Até eu ver uma garota da sala ao lado agarrando o meu professor, meu Felipe. Pior foi ver que ele correspondia o beijo. Talvez fosse um momento de fraqueza dele ou ela se mostrava muito mais corajosa que todas as outras garotas. Mas aquela cena me fez ficar ali parada, com um sorriso no rosto como se eu não me importasse. Como se não sentisse um nó na garganta e vontade de sair correndo dali. Eu queria que ele me notasse, a aluna preferida de Literatura, a garota que ele sabia que sabia, mas apenas estava ali porque o amava. Poderia ser o fim do mundo, o fim de tudo ou o fim de mim. Eu me sentia como a mocinha machucada dos romances clichês. Mas eu insistia em mostrar que o que eu sentia ultrapassava de atração física.
A terra parou, ele me notou. A cara da garota era de vitória, a dele, de decepção. A minha de coragem. De dor, de mágoa, camuflada no meu melhor sorriso de que não me importava o que acabou de acontecer. A vitoriosa passou por mim, ele apoiou a cabeça nas mãos e naquele momento tinha passado toda a minha mágoa e eu só queria abraçá-lo. Doía vê-lo sofrer. Queria mostrar que eu não era a dona do melhor beijo, mas poderia ser a dona do melhor abraço. Com a mesma coragem que assisti aquela cena, cheguei até Felipe e sem nada dizer, o abracei. Respirei fundo, deixei o professor ali, sabendo que naquele colégio ele não pisaria mais. Que eu não tinha seu telefone, alguma coisa pra só ouvir a voz dele. E se aquela era a última vez que nós nos veríamos, eu deveria dizer.
– Eu te amei. Sem te desejar, sem te querer._engoli em seco, segurei minhas lágrimas. – Eu te amei, pelo que você é. Meu professor preferido.
Sorri e encontrei seus olhos pela última vez.
Fui embora.
Sem adeus.
Sem lágrimas.
Continua.
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários são moderados, mas sua opinião é sempre bem-vinda! Comentários desrespeitosos ou caluniosos serão banidos.
Fique livre para enviar uma sugestão, dúvida ou crítica: entre em contato comigo.
Certifique-se, antes, se a sua dúvida já está respondida no F.A.Q. Obrigada!