Teu Olhar, Cap III

Seguir em frente é difícil.

Mas é necessário.

Tive que aceitar que eu jamais o veria novamente. A vida seguiria, com ou sem ele. Eu voltei com meu antigo namorado, um crianção que adorava Pokémon. Acabou então o último ano do ensino médio, e era inevitável pensar no Felipe a cada vez que um professor começava a falar dos gêneros literários. Eu sentia falta dele. Sentia falta de absolutamente tudo.

Comecei a faculdade, com a esperança de encontrá-lo em alguma festa, de pelo menos vê-lo sorrir de longe em alguma dessas baladas, mesmo que tivesse acompanhado de alguma gostosinha. Eu não deveria me intrometer. Mas eu ainda pensava nele, lembrava o quanto ele parecia o cara certo pra mim. Mesmo sendo mais velho, mesmo sendo demais pra mim. Eu não o esqueço, sou incapaz de esquecê-lo.

Três anos. Três anos eu ainda conseguia lembrar do seu perfume, do seu sorriso e do seu rosto.

Eu já morava com meu namorado, meu Pokémon. Ele viajava frequentemente, passava o maior tempo sozinha, e adivinha... escrevendo. Escrevia cartas nunca mandadas, escrevia sonhos, escrevia lembranças. Escrevia sobre ele.

A campainha tocou. Eu esperava pela pizza às três horas da tarde.

– Você deixou isso comigo. – ele sorriu, com um livro nas mãos.

Não conseguia mover, sentia meu coração pulsar forte dentro de mim. Por que eu tinha que estar de pijama? Ele continuava do mesmo jeito, a barba por fazer, os olhos que eu sempre amei, que sempre estavam atrás dos meus antes de dormir. Ele ainda sorria do mesmo modo, ainda usava roupas que o deixava lindo, o cabelo bagunçado. Seus olhos pareciam mais profundos, e de algum modo, conseguiam fazer meu coração acelerar quando eu ainda era apenas uma adolescente apaixonada.

E não era ilusão. Meu Felipe estava ali.
Com o sorriso que eu sempre amei. 

Continua.