O Resto do Mundo!

Cartas se escrevem, palavras são ditas. Juras de amor no escuro, bilhetes na geladeira dizem sentir falta. Saudade antecipada, antes mesmo de partir. Algo único está neles, apenas neles. Carência afetiva pede abraços, crise emocional se resolve em palavras suaves. Se perdem em pensamentos, riem juntos. Quando se desejam, se têm. Trazem no olhar o brilho maior das estrelas – o olhar dela está repleto da felicidade inigualável de um sentimento correspondido. Ela sabe que é verdade, ele sabe que sente. A maior beleza está no quanto se entendem no silêncio. Poderia dizer que existe a fórmula certa do sentimento, e que esta estava neles. No plural deles, que faziam-no esquecer o resto do mundo. Esqueciam-se em segundos, quando bocas unidas pedem ar. Esquecem de respirar, mas nunca de amar. Trazem em si a vontade única de nunca se esquecerem, de sempre se completarem. Não se rotulam, não são namorados, mas sabem o que sentem. Indefinível, indescritível e egoísta. Eles. Morrem de saudade, ironizam o passado, brincam com o futuro e fazem o presente. Riem de fotos, de cartas e de lembranças. Não era diferente algum tempo atrás. Jamais acreditaram em amor a primeira vista, mas sabiam muito bem como de uma música predileta em comum poderia surgir algo maior. Ele pode ser infantil, às vezes idiota. Um bobo alegre apaixonado. Mas ele é melhor que o resto do mundo. Ela pode ter defeitos, mas são nos defeitos que se prova o amor. Mãos entrelaçadas pedem união. Lábios colados se pedem, se desejam. Se olham, sorriem. Brincam de ser feliz, sem se preocupar com os outros. Trazem a mais pura vontade da vida. Só eles conseguem se entender. No silêncio, na risada, na dor e no afeto. Eles se amam. E por se amarem, saem por aí colocando felicidade nas dores, nas flores, nas cores. Tão de repente, sem quase nem notar, viram não precisar de mais nada. Naquele instante sabiam o sentimento que tinham em si. Dividem sonhos. Paradoxo da alma, da vida, do coração. Eles acreditam. Acreditam em amor, mas não em para sempre. Preferem acreditar que juntos são um só, e nessa união tem a rara alegria de ser diferente. De ser feliz. De ser melhor que o resto do mundo. Sem chance pro medo, e a indômita e insaciável vontade de amar acima de tudo. Sua mão na dele, seu sorriso no rosto. Inexplicável. Duas metades findadas a serem uma. Eles continuam em silêncio, dizendo se amar sem palavras. Continuam se olhando e sorrindo. Realizados, e unicamente dois pedaços de vida do mundo.