Esse pode não ser o meu melhor texto. Mas é o mais sincero.
Te deixo. Largo em algum canto escuro, obscuro e oculto que não toco, não sinto, entorpeço. Não te acho, mas já não te procuro. Te deixo ir em silêncio, sem barulho, sem palavras, sem lágrimas: só te deixo. Você vai, não me pergunta se vou ficar bem: não vou. No efêmero instante do frágil sorriso que estampo em meu rosto, tentando parecer forte, te deixo ir: vai sem olhar para trás – como você sempre fez. De mãos dadas, um sorriso que enxergo em teu rosto mesmo de costas; e me deixa. Não choro, pois já não sinto. Entorpecida por algo que não deu certo no passado, te deixo ser feliz, se ela te faz feliz. Sem sentir, sinto. Tomo pela vontade de ir atrás de você, engulo palavras que deveriam sair, verdades ocultas jamais pronunciadas. Me sufoca, me arrependo: não digo. Deixo você ir e não voltar. Tudo que consigo pensar é onde eu errei, enquanto vejo abraçá-la: teu mundo em teus braços.
Não sinto, mas é vazio. Enquanto busco o sentido de tanta falta, vejo todo o sentido no que deixo ir; quando você vai. Respiro fundo, tenho vontade de chorar; quem sabe sumir, não voltar, não aparecer tão cedo. Mas quero te abraçar e sorrir, antes de partir. Não consigo, não tento. São segundos enquanto te vejo ir, e sinto que não tem tanto sentido assim interpretar a realidade dessa forma. Você hesita olhar para trás, mas não olha: sabe que estou aqui. Mesmo sabendo, não olha por medo da reação de quem está do seu lado. Prefere não ver meu sorriso, prefere não magoá-la: me magoando. Resolvo não olhar mais para onde caminha, e vou. Te escuto rir, do jeito que você sempre ri. Fecho os olhos, me xingo em pensamentos pelo que fiz.
Mas te deixo ir.
Me arrependo por não voltar nesse momento e dizer tudo que você já sabe; te sinto ir. Desejo que esteja pensando em mim, enquanto se pergunta sem falar, com ela em seus braços, para onde estou indo. Vou para longe, enquanto me permito longe de você, estampar a dor que sinto. Espero doer, do jeito que sempre doeu. A melancolia evidente, enquanto sinto as palavras não ditas em lágrimas no meu rosto. Desamparo em tua ausência, te desejando ao meu lado sorrindo; você me entendendo errado. Penso no que faz, você me esquece. Não pergunta, não faz questão de saber.
Algumas vezes você volta. Com um sorriso, um pedido de desculpas, sem saber até que ponto te aceito: e sempre te aceito. Me faz de idiota, de melhor amiga, de essencial: e me deixa. Canso, enfim, de querer sempre e te perder toda hora. Resolvo sumir, resolvo não te ligar, não te procurar. Indiferente, momentaneamente ausente, sempre presente. Supro-me de palavras e de qualquer forma que expresse o que sinto. Não digo, não sinto, não falto, não abraço, não amo: te deixo, mas choro. A parte que me resta de esperanças me faz escrever, enquanto lembro de que já não sou tão importante assim na tua vida. Engulo em seco, sinto a realidade presa à garganta, a vontade de não ser aquela que sempre volta atrás: por você.
Nada que eu diga faz diferença agora: contenta-me o silêncio. Só espero que doa menos, que eu me adapte, e aprenda a, realmente, te deixar. Mesmo que eu ainda te ame, mesmo que me faça sofrer. A dor que sinto e a mágoa que tento não transparecer, um dia some, assim como você, e tudo que escondo trancafiado no lugar mais obscuro da minha alma, da minha mente, meu coração. Junto ao passado, a verdadeira felicidade que tinha contigo. Sinto te perder, não te ter, não ser tudo que já fui um dia. Não faço falta, não sente saudade. Apenas sorri, apenas abraça, apenas beija: não ama. E frágil, sinto estremecer quando lembro da tua voz, dizendo que a ama; e eu, tua confidente, apenas ouvindo, mas esperando ser ouvida: você nunca quis me escutar. Enquanto insiste em dizer o que sente, imploro com os olhos que nunca mais fale no nome dela perto de mim. Que se cale, que deixe o silêncio tomar conta de nós: mas você sempre fez questão de mostrar o quanto é capaz de me fazer sofrer.
Incapaz de te fazer escolher, te deixo ir. Sem voltar, sem preocupar: enquanto dói vazio essa parte que te pertence. Não admito que te perdi, pois assim como te vejo sorrir sem realmente ver, sei que uma hora você volta. Eu apenas sorrio, por saber que um dia você precisaria de novo de mim. Apenas sinto as lágrimas, por já não te sentir mais em mim. Te largo em algum canto obscuro e oculto que não toco, não sinto, e entorpecida espero não sentir. Não te acho, não te procuro: choro. De tantas pessoas, você é aquela que ainda espero: doendo, sangrando, sem mais aguentar. Resolvo desistir, resolvo largar o que um dia nos uniu, rasgar todas as fotos e cartas e viver sem você. Resolvo limpar as lágrimas e botar um sorriso ilusório igual ao que estava em meu rosto quando disse que ficaria bem. Desejo não te olhar nem desejar todo bem que sempre te desejei.
Resolvo ser distante, indiferente, não te procurar, não te precisar, e ter alguém ao meu lado que não me faça sofrer como você fez. Mesmo sabendo que uma hora você volta: pro teu lugar, no meu coração. Hoje estou do seu lado, amanhã posso não estar mais. Até não mais te deixar ir, mas querer que você vá: e não voltar. O momento que não sei onde errei, mas sei quem me fez sofrer. Largar tudo, desistir, arrepender, nunca dizer, chorar, sentir em silêncio. Partir. Por amor, por dor, por algo que nunca entendi. E mesmo que eu aprenda a te deixar e realmente vá, você sempre foi importante para mim. Disseram-me que amar é sofrer, e surpresa vejo: sofri por você. O olhar atento ao peito, penso em você: te deixo, te esqueço, relembro, choro, mas te levo. Mesmo te precisando, mesmo tinindo a dor de partir, te deixar ir é a maior prova de amor que posso dar. Obrigada por tudo, você me fez feliz; mas agora, preciso, te deixo ir. Adeus. Para sempre, para nunca mais.
Sua confidente.
5 comentários:
beeeeeeeeeem isso, você quer deixar ir mas não consegue. e depois você decidi deixar, mas ele volta pra te deixar entorpecida por ele novamente. estou nessa fase também companheira. vamos arrumar forças nas palavras para seguir em frente.
com sinceridade, beijos
éee, bem isso mesmo, juntas uma da a força a outra, assim é a vida uma hora a gente aprende em quem confiar... hoje foi o dia não?
enfim te amo, pode confiar sempre em mim primaa, beijooos!
o que voce não sabe mas precisa saber... amei muito, e nao so o mais sincero como o mais lindo. aliás mariana, esse texto é um conto ou é pra alguém?
minha história nas tuas palavras. perfeito
Espero que o ditado se confirme: só depois que perdem, as pessoas se dão conta do quão valioso era aquele sorriso.
Lindo texto, Marilana! ;)
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