Eu juro que nunca entendi tanto drama com o dia dos namorados. Resolvi escrever hoje, porque ontem... bem, ontem era dia dos namorados e o mundo já estava rosa o suficiente. Ainda dá tempo de falar nisso? Eu sei que dá. Disseram-me que sábado era o dia dos solteiros porque domingo era dia os namorados. E desde pequena na minha cabeça (graças a sociedade e os encantados filmes de final feliz), dia dos namorados sem um namorado era sinônimo de depressão, estado de quase morte e muito chocolate pra ver se melhora. Mas sabe quando aparece aquele sentimento de que tem alguma coisa errada nisso? Eu senti isso.
Comecei a me questionar do porquê de tanta e tanta tristeza na palavra "sozinha". So-zi-nha. Era evidente o pânico das solteiras em encontrar um garoto lindo, perfeito, educado e romântico para chamar de namorado na véspera dessa data. E, oh Deus, ficou passando pela minha cabeça se elas estavam tão desesperadas no resto do ano. Se elas estavam se esforçando para um dia ser uma boa namorada para um bom namorado. Se elas eram tão carentes ao ponto de ficar com o primeiro garoto no sábado porque domingo era dia dos namorados. Ainda tentando justificar que domingo já é um dia horrível naturalmente. Isso me atordoou, incomodou e tiniu lá no fundo o ponto de interrogação: qual o problema de viver sem um namorado? Não descobri, e pra mim continua sendo um mistério.
Acho que o problema é muito mais pessoal do que de qualquer outro fator. Porque pensar em dia dos namorados é desejar andar de mãos dadas pelo parque, beijinhos no cinema, presentinhos fofos e caros, buquê de flores e um dia inteiro grudado um no outro. Eu sei que é bem assim nessa data. Mas me diz, qual o problema de estar sozinha num domingo como esse? Você esteve tão bem em tantos outros. Ah, sim, você não tem namorado e isso... bem, isso no dia dos namorados é o fim da picada.
Penso, com convicção, que ter um namorado é mais uma questão de estado do que necessidade. O pensamento é que ter alguém do lado sempre resolve os problemas, e como em todo relacionamento, não se iluda, sempre terá uma dor de cabeça, uma briga ou desentendimento. É preciso maturidade, consciência e paciência. Óbvio que sentimento conta, mas é bem mais que isso. Tanta paranóia, que veja: hoje é segunda e a vida volta ao normal. Eu odeio segundas, e sem traumas e lágrimas derramadas por um amor não correspondido, tive um fim de semana perfeito, nas suas medidas. E de novo, essa é mais uma segunda monótona, que espero que passe voando.
Assim como dizem por aí os antigos, ficar apaixonado é como estar no céu e no inferno ao mesmo tempo. Assim como a diferença que separa a uma linha tênue de estar e de ser feliz, é a maior prova que você pode estar feliz com um namorado, mas não significa que você precisa de um para ser feliz. É questão de se autoconhecer, de pensar bem se você precisa tanto disso não só nos dias dos namorados, mas em tantos outros. Eu acredito no amor, na paixão e que não há medidas para sentimentos - porque eu também sinto. Mas até que ponto somos dependentes de outra pessoa? Precisamos aprender que muitas vezes nos veremos sozinhos na vida.
E estar sozinha no dia dos namorados não é um problema, se você não (quiser) ver isso como um. Você pode fazer o que bem entender, assim como eu fiz. Não me tranquei no meu quarto e chorei enquanto sabia que ele estava suficientemente longe daqui, com outra garota, com todo o amor dos dias dos namorados. Não quis escrever ontem nem chorar por alguém que jamais mereceu minhas lágrimas. Coloquei minha música preferida, outra antiga e nostálgica, e músicas fofinhas.
Escrevi sobre amor, mas não na falta que isso pode fazer. Não precisei de uma caixa de chocolates e um filme de romance, abraçada a um travesseiro para me "condenar" a quase morte de estar sem namorado. Vivi ao máximo esse fim de semana, dancei até morrer e até não aguentar mais. Não desci do salto, não fiquei desesperada por um garoto na véspera. Pintei minhas unhas de vermelho e usei meu batom favorito. Saí com minhas amigas, descemos até o chão. Cheguei tarde, ainda dançando, elétrica e completa. Deitei sorrindo e dormi satisfeita comigo mesma. Preocupei comigo e apenas me deixei aproveitar.
Sem dramas.
Sem passeios no parque, sem cinema, sem declarações e presentinhos caros. Sem namorado. Me presenteei com a vida, com a felicidade de estar bem. O que tinha de errado nesse fim de semana? Eu não tinha do que reclamar. Aliás, para que reclamar? Não me falta nada. Eu aproveitei, sem surtar, vivendo ao máximo. Vi-ven-do. Foi só questão de tempo para ver que minha felicidade não era um estado ou condição, mas o que sou. Foi aí que eu percebi que não preciso de nada disso pra ser feliz.
E você também não.
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