E se ele soubesse?

Arrepender por não fazer é errado? Lembrar por tentar esquecer é burrice? Viver de lembranças é perda de tempo? Saudade é sinal de fraqueza? Ter medo da verdade é se iludir? Frieza é falta de amor? Amor excessivo é sonhar demais? 

E sonhar demais, é arrepender para depois lembrar, sentir saudade e se iludir por amor? 

Com tantas mágoas guardadas, perdões imperdoáveis, silêncios que por si só falam da palavra que falta e da dor que se sente: tudo. A leve sensação de que por frações de segundo, o erro maior é de estar ali, aqui, lá ou em qualquer lugar. O travesseiro que aquece, o nó que se forma e as lágrimas que não hesitam mais em cair, acompanham devaneios, que repreende todo e qualquer motivo do que o traz até ali. Nomes, sorrisos, dores, planos, decepções, fotografias, amores, músicas, pequenos momentos, inúmeras despedidas indesejadas, um único gesto. Que numa mesma sintonia dá-se o nome de passado, e pensar no passado é sinônimo de sofrer.

Vai doer, mais cedo ou mais tarde. Repete na mente num eco quase infindável, a palavra que eu sempre temi e você também, mas sabemos que sempre existiu.

Passado, passado, passado.

A ausência que tine na pele, descobriram pelo nome de saudade. Tudo é saudade: daquela música, daquele sorriso, daquele toque, daquele cheiro, daquela voz. Tudo faz falta em cada centímetro de um corpo que antes não se importava com um pouco que hoje vale tanto. E de tudo que se conjuga no pretérito, o nome dele continua no presente. Na mente, no coração, na vida. Transparece o quanto a felicidade do passado é motivo para sofrer hoje. Não se imagina o antes dele, mas é totalmente perceptível e sensível o depois. Porque o que se emenda ao passado, não incluem os dias em que ele não fazia parte dos seus planos, sonhos e naquele momento, presente. O que você sente ele não vê. 

Ninguém vê.

Esperar que passe, com cautela. Temer recaídas e doses nostálgicas do que um dia foi tudo. Memórias que podem ser esquecidas, mas se insistir, continuam ali, para sempre. Sem sentir dor nem medo, deixar o passado num fluido embaçado, contendo lembranças e pessoas no seu devido e merecido lugar. Do que resta para se lembrar com um sorriso, e do que completa, satisfação. Esperar o sentimento de mesmo depois de tantas decepções e erros, o acerto. Do desconhecido gosto ao clichê cotidiano, pensar em tudo, mas encarar como uma superação. Uma pequena parte da vida. Uma parte de mim, uma parte de nós. Um pedaço pronto para enfrentar tudo que não se compreende, apenas se vive. Uma parte que pergunta o porquê de estar aqui, mas que ao mesmo tempo responde: vai passar. E quase sem notar, ao engano de uma simples pergunta que, depois de tanto tempo, leva o nome dele. Sorrindo por dentro, orgulhosa de si, ao sentir a verdade nas palavras a serem ditas que mostram o quanto tudo mudou.
Ao que pergunta, quase sem acreditar na sua voz que pronuncia a resposta perfeita: ele quem mesmo?