Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

terça-feira, novembro 29, 2011


Uma voz dentro de mim

"Ó doçura da vida: Agonizar a toda a hora sob a pena da morte, em vez de morrer de um só golpe."
William Shakespeare
Naquela noite dei por insuportável a dor que carregava no peito. Não me restava esperanças, apenas o definhar do meu próprio sofrimento: seria esse um desfecho tão trágico para mim? Morrera eu, nos últimos anos, aos poucos. A entrega que por inteiro sucedeu, fez de mim pedaços perdidos, e eu, vazia. Às vezes nem eu me reconhecia. No espelho o reflexo tinha a sombra de uma alma sem brilho nem cor. Lúcida, mas não plena, eu já sabia: meu corpo movimentava-se mais por obrigação do que por próprias funções. Nem meus braços pareciam me obedecer mais. 
Tão fraca que estive, que nem ao menos eu mesma tinha controle sobre mim.
Nas últimas semanas o que me fortalecia –ou ao menos camuflava minha fraqueza– era as músicas altas no meus fones de ouvido. Minha vida tinha chegado a um ponto em que meus próprios pensamentos me atormentavam. Transformavam as angústias em dores que ferroavam meu corpo e entorpeciam minhas forças. A mente a um turbilhão e ali uma pergunta a gritar mais forte, e isso parecer-me-ia cada vez mais uma loucura: por que eu estou aqui?
Aqui, um grande vácuo. Um espaço em branco, preenchido de vazios. Por entre meus pulmões, o coração batia cada vez mais fraco. Desistir talvez seria irresistível. Desde que tudo tinha se dado por desesperança, já não acreditava mais nas pessoas, tampouco em mim mesma. Eu estava sozinha, completamente sozinha. Nem ao menos hoje sei se estou ou onde estou. Sinto uma ausência do meu próprio corpo, onde só consegui sofrer. Para mim, as pessoas pareciam-me pequenas vidas fúteis destinadas a acabar com a minha. Não existia uma única pessoa no mundo que eu daria minha insignificante e desprezível vida. Não lembro de ser feliz com minha família, meus amigos só trouxeram desgraças, e descobri: chamei monstros de amigos, até me tornar um deles. E eu, nesse estado de monstruosidade, me mostrei muito pior: eu sabia exatamente como encontrar o ponto fraco das pessoas. E aprendi a usá-los ao meu favor.
Para não enxergar meus próprios problemas, comecei a destruir vidas alheias.
A primeira que destruí, me lembro bem: foi a minha.
Tudo foi me tomando por fracasso. Desconhecia felicidade. Via o amor como mais um desejo de consumo capitalista. Tolice era acreditar que metades incompletas sem encaixam perfeitamente. Nada daquilo me convencia. O único sentimento que sentia era o ódio, e na maioria das vezes, por mim mesma. Tomei-me pelo vazio que mal imaginava que pudesse atingir o que chamavam de alma. Pela primeira vez, tive a minha. Naqueles dias nem ao menos sabia mais como chorar. A única forma de tirar tudo aquilo de dentro de mim, não seria mais por meras lágrimas, mas por pedaços de mim mesma, que eu não acreditava mais existir. 
Mas eu sabia, ainda existiam: também faziam-me doer.
–Vá, vá em frente. 
Ouvi soar distante, ao mesmo tempo, muito próximo.
Imaginei que aquela seria mais uma das minhas crises de loucura de que tão fraca que eu estava, me fazia sentir coisas sobrenaturais. –Obedeça. A voz era rude e grave, mas não a reconhecia. Foi quando tomei-me por um súbito impulso de sair do meu apartamento. Minhas pernas foram tomadas por velocidade, e subi rapidamente as escadas até o térreo.
Por um instante tive medo, mas continuei. Meus pés descalços e o coração sem frequência só me fazia pensar no quão debilitada estava ficando. –Vá. 
Por mais que eu não encontrasse aquela voz em nenhum lugar, ela parecia saber exatamente o que eu sentia, e mais: me fazia querer aquilo cada vez mais.
Continua.
3 comentários

3 comentários:

Júlia Montevagro disse...

Fofaaaaaaa, denunciei um tempo atras naquela caixinha do lado que o tumblr DOCE INVERNO estava copiando seus textos e ela voltou a fazer isso. Ela copiou esse texto, olha aqui ó http://doce-inverno.tumblr.com/post/13546153453/dei-por-insuportavel-o-que-estava-sentindo-nao-me

Faz alguma coisa! Se voce nao fizer, faço eu mesma! É o cumulo do injusto contigo, beijoca

Ana Beatriz disse...

Aaai que crônica mais linda Mari! Tao sentimental, doce e profunda. Posso te implorar uma coisa? Continua logo essa história amiga blogueira!
Para a Júlia ai de cima, se precisar de mim amiga, to por aqui e te ajudo! Beijoooo

Anônimo disse...

AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEI NÚ!

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