O gelo entre a carne e a alma. A necessidade de um corpo para aquecer, num nuance de êxtase, o contato, a pele, confessar que na ausência a temperatura despenca, quase num suicídio mútuo de calores que só se fazem juntos. A inexistência na tempestade, se ao meu lado já não está. E ao lamentar pela sua falta, não mais entendo se é saudade ou frio. Se isso que sufoca-me a garganta é vazio ou a própria abstinência de mim nos últimos meses. Lá se vem, aqui se vai – um ano do nosso adeus. Em uníssono, o despertar da realidade, da saudade, da verdade e tantas outras coisas que nem no pranto encontro mais: o consolo. Tenho certeza que ainda estou a me desvencilhar desse pesadelo, dos olhos ofuscados, o manto que encobre-me e permite a visão apenas do passado. Das vezes que tive vontade de abraçar-lhe, aproximar teu coração do meu, tocar tua alma com a ponta dos meus dedos. Pequenas sensações em algo que foi um sinal para você. De distância. Meu sofrimento, a angústia de quando tive de admitir – nos perdemos, eu me perdi. A melancolia não cessou, as lembranças ainda enfrentam minha razão e se afloram a cada vez que a emoção se pronuncia. Choveu. Aqui dentro e por fora. Ao invés de um abrigo, encontrei-me no desafio de encarar essa tempestade. A culpa de tudo isso é minha.
As janelas ficaram abertas e eu deixei que inundasse.
Afogamos. Morremos, antes que pudéssemos nos manifestar.
Um aceno cordial, a proeza do fim. Ausência não, rota de fuga. Rodeados por tantos motivos de nos deixarmos, assim fizemos. Eu insisti em não nos deixar, mas você já tinha me abandonado sem dar satisfações. O enredo do meu apuro, a insaciável vontade de lhe dizer que aquela tempestade que nos levou embora, fora o ímpeto da vida. O curso seguiu depois que o vendaval nos levou longe demais. Já não podíamos voltar para casa. Em que caminho estávamos? Sabia que ali, a distância já era maior do que a minha vontade de voltar poderia permitir. Minha necessidade era mais de colo que do próprio ar que não alcançava meus pulmões. Não encontrei o primor dessa saudade, até porque sentir falta de alguém não o traz de volta. A tentativa fugaz de tirar-lhe dos meus pensamentos, escrevendo mais uma carta que representa o quanto às vezes o caminho que escolhi é sinuoso demais. Vertigem. E tudo que aqui redijo, mais uma carta frustrada que não tenho a intenção de lhe entregar, não passa de mentiras mal contadas, sobre o passado, o contagiante passado que estivemos juntos. E que, depois desse marco, desse golpe fatal do fim, sigo adiante, inanimada, de pulso fraco, ainda sem compreender como meus pés ainda movem um depois do outro. Se sigo, ainda não sei para onde estou indo.
A tempestade continua dentro de mim.
Soube que o tempo foi capaz de mudar coisas demais. O suspiro que ofega no meu peito, roga por mais ar, mais sentido, mais vida. Estampo um semblante de que tento evitar olhá-lo, sem pouco negar-lhe agora um sorriso. E assim faço, quando você logo corresponde. Isso me inebria, um calafrio percorre meu corpo e tento entender quantas mudanças aconteceram em nós desde então. Por distração, perco seu olhar, tiro-lhe de vista e continuo indo na direção contrária de onde você está, procurando entender a diferença da tempestade que me inundou mas não abalou você. A gente não tinha se enfiado nessa juntos?
Escondo-lhe o que me incomoda e estampo aquele mesmo sorriso que nada reflete minha realidade. Mesmo que você não o possa vê-lo, é dessa loucura que tento fingir que não existe, que estou bem demais. Aliás, como não estar? Olhe para mim, olhe bem. Eu estou feliz. Mesmo que já não nos compreendamos da mesma forma de tempos atrás, já não guardo rancores ou mágoa por a tempestade ter me fragilizado mais do que você. Eu me arrisquei enquanto você procurou refúgio em um lugar qualquer. Bem, de que isso importa? Se hoje não há mais nada a ser resolvido... Mas confesso, aqueles segundos foram decisivos. Um peso a menos na consciência, só por poder me iludir que em algum lugar de nós, já amadurecemos. Que aqueles dois idiotas que botaram tudo a perder aceitaram seus destinos e seguiram da forma que acham como deveriam. Num relance, perco-me no pensamento do enredo desse temporal, se a solução foi o fim de nós ou a calma da tempestade. Confesso ainda não compreender – aturdida desvencilho no caminho que me fez de única opção. Jamais houve um adeus. Um tom melancólico de desespero evidencia nos meus olhos. A existência se limita aqui. Ainda vejo desabar: esse não é o fim da tempestade. Cessa o temor que me extasia. Defronte a ti, a visão não mais se turva e estendo minha mão em tua direção. Entre as tuas, essa carta.
Fique para ti. Não me procure mais. E é tudo que eu digo. Deixo-te, estampado em tua face a dúvida, do receio dessa ser a diferença da nossa vida. Era preciso. Parti, mais por necessidade do que a própria vontade me impunha. No fundo, esperava eu observar tua reação. O céu rompe-se em claridade, que dos olhos me cegam. A serenidade me invade por inteiro – você terminou de ler a carta.
O silêncio preenche os vazios. Uma lágrima acompanha meu sorriso. Desvencilho do meu pesadelo.
Eu te disse adeus. Por toda a eternidade. Tempestade.
A tempestade continua dentro de mim.
Soube que o tempo foi capaz de mudar coisas demais. O suspiro que ofega no meu peito, roga por mais ar, mais sentido, mais vida. Estampo um semblante de que tento evitar olhá-lo, sem pouco negar-lhe agora um sorriso. E assim faço, quando você logo corresponde. Isso me inebria, um calafrio percorre meu corpo e tento entender quantas mudanças aconteceram em nós desde então. Por distração, perco seu olhar, tiro-lhe de vista e continuo indo na direção contrária de onde você está, procurando entender a diferença da tempestade que me inundou mas não abalou você. A gente não tinha se enfiado nessa juntos?
Escondo-lhe o que me incomoda e estampo aquele mesmo sorriso que nada reflete minha realidade. Mesmo que você não o possa vê-lo, é dessa loucura que tento fingir que não existe, que estou bem demais. Aliás, como não estar? Olhe para mim, olhe bem. Eu estou feliz. Mesmo que já não nos compreendamos da mesma forma de tempos atrás, já não guardo rancores ou mágoa por a tempestade ter me fragilizado mais do que você. Eu me arrisquei enquanto você procurou refúgio em um lugar qualquer. Bem, de que isso importa? Se hoje não há mais nada a ser resolvido... Mas confesso, aqueles segundos foram decisivos. Um peso a menos na consciência, só por poder me iludir que em algum lugar de nós, já amadurecemos. Que aqueles dois idiotas que botaram tudo a perder aceitaram seus destinos e seguiram da forma que acham como deveriam. Num relance, perco-me no pensamento do enredo desse temporal, se a solução foi o fim de nós ou a calma da tempestade. Confesso ainda não compreender – aturdida desvencilho no caminho que me fez de única opção. Jamais houve um adeus. Um tom melancólico de desespero evidencia nos meus olhos. A existência se limita aqui. Ainda vejo desabar: esse não é o fim da tempestade. Cessa o temor que me extasia. Defronte a ti, a visão não mais se turva e estendo minha mão em tua direção. Entre as tuas, essa carta.
Fique para ti. Não me procure mais. E é tudo que eu digo. Deixo-te, estampado em tua face a dúvida, do receio dessa ser a diferença da nossa vida. Era preciso. Parti, mais por necessidade do que a própria vontade me impunha. No fundo, esperava eu observar tua reação. O céu rompe-se em claridade, que dos olhos me cegam. A serenidade me invade por inteiro – você terminou de ler a carta.
O silêncio preenche os vazios. Uma lágrima acompanha meu sorriso. Desvencilho do meu pesadelo.
Eu te disse adeus. Por toda a eternidade. Tempestade.
Ainda chove.
11 comentários:
Linda o texto realmente está lindo. Mas está muito grande, e pra quem lê tem uma certa... preguicinha :S
Continue assim, o texto é lindo, mas tente diminuir eles. Só uma dica ok?
Beijos, hannets.blogspot.com
Que lindo o texto, bem intenso. As suas palavras são totalmente perfeitas ^^
www.garotadeallstar.com
Nossa, que texto mais lindo! Confesso que já escrevi várias cartas e não tive coragem de entregá-las...Chato isso, né?
beijos
infinitedreamsofiza.blogspot.com
Ah que bom que você não ficou com raiva. Você escreve muito bem (: E acho que só tem esse defeitinho, o resto do seu blog é mais que perfeição.
Beijos, hannets.blogspot.com
Oi flor tou de volta tá bjs
Gostei do texto.
http://dezapaixao.blogspot.com/
Amei o texto , confesso que quando vi fiquei com um pouco de preguiça de ler , é muito grande HIHI
Estou te seguindo aqui , amei seu cantinho ele é muito lindo ^^
Passa lá no meu ? E segue se gostar ?
www.mundoo-cute.blogspot.com
Muito lindo, da até vontade de chorar ( sou muito sensivel :b ) mais nos faz refletir! Ameii, Obg pela visita flor, volte sempre que quiser, e seu cantinho?? supeer lindo, estou até seguiindo ♥.♥
http://chic-adolescente.blogspot.com/
Olá Mariana, estou retribuindo a visita e o carinho com o meu blog. O seu cantinho é muito lindo. Beijos
Luzia
divasantenadasms.blogspot.com
awwn flor, obrigada viu?
eu tbm adoro aqui! <3
#Bezos Rawr -----> Bikoti.blogspot.com
Oii Flor, haa que texto lindo, amei !, você está de parabens, lindo aqui !
www.i--love--y.blogspot.com
Thau !
Orbigada :) http://extras-for-you.blogspot.com.br/
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