"E tem sido tão difícil
Tanto tempo, tão longe
E ela caminha pela noite
Quantos corações vão morrer esta noite?"
Dallas Green – Hello, I'm in Delaware
Você atravessou a rua com as mãos congeladas dentro do bolso. Desde o momento que nossos olhos se cruzaram, não pude mais desviar dos seus. Fui lançada sem tempo de pena. Não pensei em perdão. Aliás, eu sequer pensei. Eu nada disse, eu não vociferei todas as palavras que você merecia ouvir, mas era inacreditável que depois de tudo (de tu-do), você estaria atravessando a rua. Na minha direção. Se fosse o contrário eu jamais iria. Eu tive a vontade estúpida de xingar as verdades que tu bem sabe. Sua jaqueta jeans claro me irritou mais do que da última vez que nos vimos. Quis odiar o meu perfume que ainda estava nela.
Muito mais importante que lhe dizer adeus, foi aprender a lidar com a melhor parte de mim, sem você.
Ainda bem, que apesar de ferida por dentro, permaneço não intacta, mas inteira.
Você estava tentando fugir disso tanto quanto eu. O mais rápido possível. Aquele reencontro, você sabia, era um risco. Mas tu quis ficar. Não soltou minha mão enquanto eu tentava escapar do seu cheiro que me inebriava de uma forma que eu já tinha perdido a linha do raciocínio. A única diferença que entre o meu coração e o teu, o meu já estava racional demais para aceitar qualquer tipo de avanço. Eu cansei. E nenhum de nós sabe como agir diante disso. Naqueles instantes, eu estava tomada de uma raiva tão imensa, que a cada centímetro que se aproximava eu podia senti-la a me completar pouco a pouco, nos vazios que você supostamente deixou em mim. Era uma sensação difícil de explicar, e como não mais te devo satisfações, paro por aqui. Eu tive a certeza que já não te pertencia e, finalmente, pude voltar ao que eu era, sem preocupar se você ia gostar ou não da minha saia nova, do corte do meu cabelo ou do meu batom vermelho. Eu gostei. E a partir daí, eu soube que já estava bem demais para atender qualquer ligação tua ou fazer questão de retorná-las. Tocou, tocou, tocou. Nunca atendi. E eu seria a última pessoa a desejar ouvir tua voz do outro lado da linha.
E, sinceramente, não vou falar de amor. Acredite se quiser, mas ser enganada mais uma vez eu não quero. Nem por amor ou por metade das coisas que dizem por aí. Confesso, vi em você o que ninguém quis ver. Tomei seus defeitos como meus, tuas qualidades como um exemplo. Mas ali, depois de tantas chances de sermos melhores e ainda assim, nos darmos por fracassados, eu sabia bem que era tarde demais para tentar de novo. Perda de tempo. A avenida caótica não era maior que o caos do abismo que me puxava cada vez mais, enquanto você tentava colocar ordem nas palavras que tinha ensaiado para me dizer. Na hora, sua respiração ofegante e a minha impaciência te impediu de falar qualquer coisa coerente. Eu nem quis te ouvir. Tuas mãos nunca tremeram ao me tocar. Seus olhos não eram tão certos como da última vez. Você estava fraco. Quase não te reconheci. E você não soube o que isso significava para mim. Tu lutou contra o destino e eu lutava para me desanuviar daquele reencontro estúpido. Até então, foi fácil demais para você me ganhar. E nos perdermos pareceu mais simples ainda. Minha coragem era do tamanho da minha vontade.
No começo e no fim.
Difícil mesmo foi olhar o outro lado da cama com os lençóis vazios, sentir teu cheiro ainda na minha pele e o meu café que não era tão bom quanto o teu. A falta surgiu aos poucos, nas partes que, mesmo aperfeiçoando, não eram melhores que as suas. A saudade surgiu no desespero de te chamar de meu no meio da madrugada. Mas passou. Não sei ao certo quando acabou, mas numa noite que eu sabia que você iria beber com seus amigos no bar perto do nosso apartamento, eu me arrumei, fiquei linda para mim, para ninguém mais. Coloquei a saia que você não gostava e o batom vermelho provocante. Fui para o outro lado da cidade. Eu sabia que sua vida ia bem, também. De você, eu só quis a distância.
Nos meus pensamentos você estava perto demais para permitir qualquer tipo de liberdade.
E finalmente, quando pude pensar melhor na minha vida e me divertir sem lembrar do passado e todas a estupidez da memória, meu desatino era se ao teu lado, estaria uma nova mulher, um novo sentimento, que mesmo desacreditando, você poderia entender como amor. Mas tudo que me contavam era que cada dia você levava umazinha qualquer para a cama e não lembrava o nome da maioria. Era reconfortante. Eu praguejava que a cada vez que tentasse lembrar o nome de uma delas, as chamasse, por engano, pelo meu nome. E, enfim, você me ligava quando podia, na falta de outra para te distrair. Eu preferia evitar a nostalgia da tua voz, do seu jeito ávido de me chamar de meu amor, porque ao contrário de você, eu estava frágil demais para suportar um contato. E foram meses que eu mal saí de casa, que não quis saber de ninguém, nem de mim mesma. No despreparo das notícias que surgiam de você, eu não tive coragem de lhe dar um pouco do meu veneno que corria por minhas veias, depois do fim. Quis poupar minhas energias e esforços inúteis do ensaio ao reencontro. Mas saber que você já estava aí rindo por qualquer coisa e bêbado em qualquer comemoração, ao lado de qualquer uma, confesso: incomodava.
Naquela noite que saí, fugindo das lembranças que me atormentavam, não encontrei ninguém, e ainda bem, nem você. E neguei todos os caras e todo tipo de assédio. Tive repulsa de me comportar da mesma forma que a tua. Eu estava radiante. Renovada. Depois disso, saí todos os dias, até segunda, da outra semana. Inúmeras chamadas suas não atendidas. Eu sequer importava. Foi quando nos reencontramos. E você, trêmulo, frágil, veio falar meia dúzia de coisas que me surpreenderam. Você disse que me viu na festa na noite passada e eu ia muito bem. Eu realmente parecia feliz. Satisfeita comigo mesma.
E era verdade.
Além disso, ficou a me observar até o fim da festa. Eu nem te vi. Não te procurei. Mas você tinha notícias minhas, e você confessou: te incomodou ver minha felicidade. Assim, à distância, sem fazer parte dela. E eu descobri que eu não precisei da intenção de te ferir, para que o veneno logo viesse a tocar tua pele. E você se perdeu. Teu desespero o desatinava, lhe fazia o arrepio subir a espinha e tocar minha mão que logo rejeitou a tua. Eu não queria mais você. Nunca mais. A diferença que você construiu sua fortaleza às pressas, eu estive a construir a minha por muito tempo. Quando, enfim, a minha estava pronta, não foi difícil descobrir as falhas na tua. E que irônico, todo esse tempo, você fez questão de mostrar a falta que tu fazia na minha vida e o quanto isso tinha me deixado sem ares, sem rumos ou qualquer perspectiva esperançosa. Fico feliz, afinal, você estava tão enganado. E você sabe o quanto você foi otário a cada vez que acreditou que eu jamais recuperaria de um fim como o nosso. Eu sinto muito, só por você. Eu lhe agradeço pelos últimos meses mal vividos ao teu lado e por todos que agora me recompensam do fracasso de amar um idiota. Soube que logo depois que lhe virei as costas, correu para mais uma das suas garotas, uma das que você nem faz questão de saber o nome. Quis me deixar com raiva e achar que ficaria sentindo saudades tuas por causa disso. Pobrezinho. Eu estou tão bem. Mais uma noite e dessa vez, o teu coração foi despedaçado. Eu amo vinganças. Qualquer dia desses a gente se esbarra, e te reencontro perdido por aí. Não quero acenar um adeus, afinal é muito mais gostoso estar por perto. É lindo ver tudo aqui de cima. Quem sabe não saímos para comemorar meu triunfo? Mas queria deixar algo bem claro, frágil e ingênuo ex. Eu aprendi.
No começo e no fim.
Difícil mesmo foi olhar o outro lado da cama com os lençóis vazios, sentir teu cheiro ainda na minha pele e o meu café que não era tão bom quanto o teu. A falta surgiu aos poucos, nas partes que, mesmo aperfeiçoando, não eram melhores que as suas. A saudade surgiu no desespero de te chamar de meu no meio da madrugada. Mas passou. Não sei ao certo quando acabou, mas numa noite que eu sabia que você iria beber com seus amigos no bar perto do nosso apartamento, eu me arrumei, fiquei linda para mim, para ninguém mais. Coloquei a saia que você não gostava e o batom vermelho provocante. Fui para o outro lado da cidade. Eu sabia que sua vida ia bem, também. De você, eu só quis a distância.
Nos meus pensamentos você estava perto demais para permitir qualquer tipo de liberdade.
E finalmente, quando pude pensar melhor na minha vida e me divertir sem lembrar do passado e todas a estupidez da memória, meu desatino era se ao teu lado, estaria uma nova mulher, um novo sentimento, que mesmo desacreditando, você poderia entender como amor. Mas tudo que me contavam era que cada dia você levava umazinha qualquer para a cama e não lembrava o nome da maioria. Era reconfortante. Eu praguejava que a cada vez que tentasse lembrar o nome de uma delas, as chamasse, por engano, pelo meu nome. E, enfim, você me ligava quando podia, na falta de outra para te distrair. Eu preferia evitar a nostalgia da tua voz, do seu jeito ávido de me chamar de meu amor, porque ao contrário de você, eu estava frágil demais para suportar um contato. E foram meses que eu mal saí de casa, que não quis saber de ninguém, nem de mim mesma. No despreparo das notícias que surgiam de você, eu não tive coragem de lhe dar um pouco do meu veneno que corria por minhas veias, depois do fim. Quis poupar minhas energias e esforços inúteis do ensaio ao reencontro. Mas saber que você já estava aí rindo por qualquer coisa e bêbado em qualquer comemoração, ao lado de qualquer uma, confesso: incomodava.
Naquela noite que saí, fugindo das lembranças que me atormentavam, não encontrei ninguém, e ainda bem, nem você. E neguei todos os caras e todo tipo de assédio. Tive repulsa de me comportar da mesma forma que a tua. Eu estava radiante. Renovada. Depois disso, saí todos os dias, até segunda, da outra semana. Inúmeras chamadas suas não atendidas. Eu sequer importava. Foi quando nos reencontramos. E você, trêmulo, frágil, veio falar meia dúzia de coisas que me surpreenderam. Você disse que me viu na festa na noite passada e eu ia muito bem. Eu realmente parecia feliz. Satisfeita comigo mesma.
E era verdade.
Além disso, ficou a me observar até o fim da festa. Eu nem te vi. Não te procurei. Mas você tinha notícias minhas, e você confessou: te incomodou ver minha felicidade. Assim, à distância, sem fazer parte dela. E eu descobri que eu não precisei da intenção de te ferir, para que o veneno logo viesse a tocar tua pele. E você se perdeu. Teu desespero o desatinava, lhe fazia o arrepio subir a espinha e tocar minha mão que logo rejeitou a tua. Eu não queria mais você. Nunca mais. A diferença que você construiu sua fortaleza às pressas, eu estive a construir a minha por muito tempo. Quando, enfim, a minha estava pronta, não foi difícil descobrir as falhas na tua. E que irônico, todo esse tempo, você fez questão de mostrar a falta que tu fazia na minha vida e o quanto isso tinha me deixado sem ares, sem rumos ou qualquer perspectiva esperançosa. Fico feliz, afinal, você estava tão enganado. E você sabe o quanto você foi otário a cada vez que acreditou que eu jamais recuperaria de um fim como o nosso. Eu sinto muito, só por você. Eu lhe agradeço pelos últimos meses mal vividos ao teu lado e por todos que agora me recompensam do fracasso de amar um idiota. Soube que logo depois que lhe virei as costas, correu para mais uma das suas garotas, uma das que você nem faz questão de saber o nome. Quis me deixar com raiva e achar que ficaria sentindo saudades tuas por causa disso. Pobrezinho. Eu estou tão bem. Mais uma noite e dessa vez, o teu coração foi despedaçado. Eu amo vinganças. Qualquer dia desses a gente se esbarra, e te reencontro perdido por aí. Não quero acenar um adeus, afinal é muito mais gostoso estar por perto. É lindo ver tudo aqui de cima. Quem sabe não saímos para comemorar meu triunfo? Mas queria deixar algo bem claro, frágil e ingênuo ex. Eu aprendi.
Toma cuidado, meu bem.
Eu também sei fazer falta.
Garota Veneno
6 comentários:
Nossa, o final é perfeito! "Eu também sei fazer falta". É isso aí! *-*
Beijos,
Caroline, do http://criticandoporai.blogspot.com
Uau!
Muitas vezes é difícil lidar com situações assim, porém sempre temos que pensar muito em nós e depois caso haja tempo, pensamos nos outros. Sei que pode parecer total egoísmo, mas quando passamor por momentos complicados percebemos que não adianta querer fazer a pessoa ao nosso lado bem, se não estamos bem.
Incrível Mari, achei insírador e que a Garota Veneno de cada uma de nós seja sempre forte.
Beijos! :)
oi,faz um layout pra mim
???http://wwwsupercaprichada.blogspot.com.br/
"Coloquei a saia que você não gostava e o batom vermelho provocante." hmmmmmmmmmmmmmmm putona
cute post!! :g
fashion0beauty.blogspot.in
check mi out too!
happieee summer!!!!!!
Postar um comentário
Os comentários são moderados, mas sua opinião é sempre bem-vinda! Comentários desrespeitosos ou caluniosos serão banidos.
Fique livre para enviar uma sugestão, dúvida ou crítica: entre em contato comigo.
Certifique-se, antes, se a sua dúvida já está respondida no F.A.Q. Obrigada!