Eu queria poesia e um pouco mais de música. Quis transbordar a serenidade do som e a sensação de completude. Vem de leve, vem a ventania, à luz de dia e me toma por inteiro. Estou nos seus braços e é entre um rodopio e outro que liberto minha alma. A felicidade contagia quando o vento nos tira para amar. Aqui a gente faz história, de pé de valsa ou até mesmo ao som daquela música do Legião cantada ao violão. Nós somos o lado bom da história. A música nos trouxe a loucura, a sintonia, trouxe ela, a ventania. Em emaranhados, o cabelo invade meu rosto, eu rio e você o puxa para longe da minha boca para eu ser, enfim, sua. O vento nos impulsiona, é ele o ritmo, a base, a palavra no silêncio. Estamos no nosso lugar. Eu nada digo e você acompanha. A música guia meus pés para que não tropecem nos seus. Guia também, nossos lábios, somos um só. É o sorriso que me escapa torto, são seus olhos que piscam, frenéticos, minha igual felicidade. Vem aqui, meu amor, me tira do sério, dos eixos, me leva com o vento. Vem. Vamos. Não precisamos partir, fica aqui. Mas podemos ir mais longe. Nas estrelas? Não, fica aqui, aqui comigo amor. Então eu fico. Ficamos. O vento cheira forte a amor.
Os loucos, insanos e apaixonados explicam: ah, o amor está no ar.
Olha que lindo, nós também estamos.
Vem de leve, atravessa rápido a avenida. Não causa estragos nem acidentes. Como o puro amor, ela nos leva. Vamos mais longe e preferimos ir devagar, na dança, como crianças. Parar com a correria e apreciar a nossa ventania entrar e sair dos pulmões. Deixamos a natureza ser a sinfonia do fim de tarde e nada, nada além da nossa ventania. É o que chamam de gostar, mas quem sabe o nome do essencial? Como o que nos domina, o essencial não se vê, apenas se sente. Aconchego nos seus braços, com o assobio dos pássaros voltando para seus ninhos ao por do sol. Podemos voltar, amor? Voltar? Para a realidade. E você me diz que nosso amor não é um sonho e que ele soa como o ruir dos ventos aos nossos ouvidos. Nós podemos ouvi-lo, conseguimos senti-lo. Acaba-se o que restava de dia e o céu, mesmo azul quase cinza, não abandona a ventania. Eu te abraço, abraço como quem suspira pela última vez. Só estamos voltando para casa. Sorrimos. Fica até difícil controlar essa mania de falar de nós. Quem vai querer ouvir o tempo todo sobre uma pessoa só? Acho lindo o seu cavalheirismo. Você, até hoje, abre a porta do carro. E olha, confesso mesmo, que quando nós saímos pela primeira vez achei que essa mania era só uma tática para me conquistar. Para falar verdade, você ainda me surpreende. Dá para escrever um livro sobre nós. Eu gosto desse nome, ventania. Pelo menos você entenderia do que a história falaria. A noite chega e as estrelas fazem dela linda, ainda venta. Fecho as janelas, faz frio. Você deita ao meu lado e canta para mim mais uma do Legião. Nada é fácil de entender. Dorme agora, é só o vento lá fora.
Sorrio, enquanto você continua a melodia. Fecho os olhos, como quem quer apenas sentir e é o que acontece, eu sinto. Não poupo amores. É a nossa ventania, o nosso essencial simplesmente invisível, que se não podemos ver, nos contentamos a sentir, a amar. E pensando bem, nossa ventania nunca silencia. É exatamente isso, amor, que um dia queríamos para a nossa vida.
Se ninguém contar, há da ventania a nossa história por aí assobiar?
3 comentários:
Como sempre arrasa nos textos Mari ♥
http://www.gobelezando.com/
Lindo!
lindo dms :n
http://floremrenda.blogspot.com.br/?
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