Comportamento, moda, fotografia, música, textos de amor e dicas. Um Blog com tudo aquilo que adoramos fazer antes de sonhar! – Por Mariana Solis

sexta-feira, novembro 01, 2013


Confiar-se

"Já vi o fim do mundo algumas vezes 
e na manhã seguinte tava tudo bem"
– Engenheiros do Hawaii
Eu tentava decifrar o meu destino enquanto olhava o céu ser cores ao adeus do sol. Eu rendi meu corpo, entreguei-o ao parapeito da janela e o meu rosto descansava sobre as minhas mãos. E ali, me perdi no tempo, mas permaneci firme no meu espaço, mas no meu interior. Sabe quando você tenta se reencontrar, só que parece difícil demais até de começar? Foi exatamente assim que o filme da minha vida foi passando na minha mente que, por sinal, não me poupou de lembrar dos momentos de dor e de angústia. 
Não foi fácil. 
Por um momento não tão breve, senti como se todas as cicatrizes tentassem abrir aquelas velhas feridas de novo. Parecia fraqueza, mas por sorte, era só uma tempo demasiado para pensar passado. Não pude evitar que os rostos que já me fizeram chorar no sentido mais doloroso das lágrimas passassem juntos com as minhas lembranças. As palavras, por ora muito cortantes, se repetiram mais uma vez, mas de uma forma branda que, ainda bem, meu coração não fez tanta questão de guardar a dor dessas vozes que já amei e que, feliz ou infelizmente, me dilaceraram. Mesmo que não exista uma pergunta, essa é a resposta: eu acreditei em mim. 
Eu aprendi a doer sozinha, quando por falta eu só tive a mim mesma. 
Se for para ser assim, então ok, tem que ser você. Você vai ser o seu próprio consolo e o seu próprio conselho. Eu o fui e não foram poucas vezes. Eu me confiei para suportar a dor, a mágoa e o tapa na cara de quem você entregou o coração. É para doer mesmo e sem todo o masoquismo de gostar de dor, porque eu não gosto, mas de alguma forma é necessária. Para ser sincera, ela é o sinal do amanhã: cair é o que te fortalece. Engraçado que isso não me fez mais fria ou rancorosa, como tanta gente diz aí, que já não acredita nas pessoas, que já não confia em qualquer um e todos os etc que vem depois de uma decepção. 
Confesso que já fui assim, até aprender comigo mesma.
Eu não preciso levar essas cicatrizes como marcas de ingenuidade, e sim como sinais de vivacidade. Desde que você não viva em uma bolha indestrutível, a vida está aí para te ensinar e logo aviso que ela vai cumprir muito bem o seu papel. Mesmo com todas as minhas fraquezas humanas, eu sou forte. E eu não falo de uma fortaleza indestrutível, muito pelo contrário. A cada dia sou impulsionada a reconstruir as partes que o tempo inevitavelmente começa a corroer.
Sobre a frieza, eu aprendi a lidar com os fracassos com um sorriso, não permanente e estático, mas suscetível a ceder à dor, quando ela viesse à tona. E que se cumpra a vontade do coração. Já corri atrás de quem eu amava, batalhei até o último fôlego por amizade, por amor e por outros sentimentos mais. Depois de tudo isso? Fria não, sensata na medida do possível. Acredito que quem se deixa levar por rancores perde grandes oportunidades.
E, mais do que isso, se perde também no sentido da vida.
Mesmo que cada um tenha um paladar diferente para o gosto da vida, o sabor também envolve olfato. E digo olfato no sentido literal da palavra. Eu estou aprendendo a sentir as pessoas e o meu desafio é amá-las da forma como são. Acredito e muito no valor de ser e de fato ser. Foi por isso que, quando o sol já se findava no horizonte, meu horizonte também ficou como questão evidente. Se eu já sou, o que quero e o que mais posso ser? Na verdade, eu me descubro todos os dias. Eu quero o abraçar, o sorrir, o acreditar e o perdoar. Quero eu, eu verbo. Eu palavra, ser, fazer, acolher, reticências. 
Há um tempo, não mais que uns meses, eu senti na pele a dor de sofrer sem culpa. De sentir os dedos me apontarem culpada muito longe de ser a responsável pelas consequências. Eu abaixei a cabeça, mas confiei em mim. Eu não via culpados nem inocentes. Dessa vez, quando eu não precisava sequer estar no banco de réus, eu fui enfrentar as palavras pesadas e cortantes, com o coração sangrando, entregar uma das minhas melhores amizades ao tempo, à culpa, à honra, mas não ao orgulho. Eu ainda tentei lutar, mesmo quando já estava sozinha. Eu não desisti nem desejei o mal a ninguém que me julgou. O que você faria se a sua amizade fosse colocada em um beco sem saída? Até onde você iria?
Eu fui até o fim de mim.
Eu rasguei o que restava de dignidade e fui de peito aberto lutar por aquilo que eu amava. E amava mesmo. Amava com certeza e com sinceridade. Por isso sempre achei difícil desacreditar nesse tipo de amor, o amor da amizade, que sustenta os problemas de todas as outras formas de amar e de sentir. Não me rendi. Fui até quando eu já não suportava mais. Fui até quando meu olhos marejantes sequer tinham lágrimas para esvaziar a dor da perda. Essa sou eu, que falho, que também já feri aos outros, muitas das vezes sem intenção. E eu realmente estou muito longe de ser um exemplo. Eu sou Errante, assim mesmo, com o 'e' maiúsculo. Por fim, eu aprendi a ser instrumento do tempo quando só restava a ele batalhar dali para frente. 
Essa ferida ainda não fechou. 
Pois bem, a confiança. A autoconfiança. Antes eu achava que essa era minha tática para evitar frustrações e o curioso que não precisei dela para isso. Na verdade, eu confiei em mim para escolher o que era melhor para mim e, parece contraditório, mas já deixei de realizar sonhos meus por saber que minhas decisões poderiam machucar alguém, não eu. Eu descobri que eu sou capaz de repetir a dose, eu consigo de novo. Engraçado como são esses reencontros comigo. Quando a noite daquele dia enfim chegou, veio-me também mais uma parte de mim. Se hoje não era para ser, por quê não esperar por amanhã?
Porque o amanhã existe e eu, mesmo com todos desafios que a vida traz, também vou existir nele.
2 comentários

2 comentários:

Carol Farias disse...

muito lindo mari, muito bom mesmo.. aproveite e de uma passadinha no meu ein rsrs http://t-alvez-p-oeta.blogspot.com.br/

Unknown disse...

muito lindo o texto, a pura realidade *-*

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